por Regina Evaristo - Advogada Autista
No dia em que o sol se escondeu atrás das nuvens de um diagnóstico temido, eu, uma mulher autista em batalha contra o câncer, encontrei na voz de Deise Lacerda um oásis de empatia e compreensão. Em meio à tempestade interna que a doença traz, o telefone se tornou meu portal para um mundo onde sensibilidade e profissionalismo se entrelaçavam como dois dançarinos em harmonia.
Ao atender a ligação, Deise não era apenas uma funcionária do banco. Ela foi a luz que brilhou em meio à escuridão de tantos outros colegas do Banco Itaú, que me ignoraram, não foram acessíveis e deixaram meu problema sem solução por meses. Sua voz suave, mas firme, ecoava um genuíno desejo de ajudar. Não eram apenas palavras; eram promessas de cuidado, de atenção. Ela ouviu cada um dos meus desabafos e, mais importante, ouviu os silêncios que muitas vezes falam mais que mil palavras. Sua empatia transcendeu a simples prestação de serviço; ela entendia a fragilidade que me acompanhava, como uma sombra constante.
O jeito como Deise abordou cada questão, como se cada detalhe fosse um universo a ser explorado, fez com que eu me sentisse não apenas uma cliente, mas uma pessoa digna de atenção. A acessibilidade atitudinal que ela ofereceu era mais do que um conceito; era um ato de amor e respeito. Ela não se limitou a cumprir funções; ela se permitiu ser parte do meu processo, como uma amiga que se preocupa e quer ver a outra bem. O Itaú inclui, a Deise acolhe.
Enquanto conversávamos, percebi que a vida é feita de encontros. E naquele momento, eu me encontrei com a humanidade, que muitas vezes parece escassa em dias difíceis. Deise, com sua presteza e genuíno interesse, transformou uma simples ligação em um momento de resiliência e esperança. Ela me lembrou que, mesmo nas adversidades, ainda existem pessoas dispostas a estender a mão, a iluminar caminhos e a lutar ao nosso lado.
No final da conversa, ao desligar o telefone, senti que não estava apenas lidando com questões burocráticas, mas construindo pontes entre experiências, entre dores e sorrisos. E essa é a verdadeira beleza do contato humano: o poder de transformar um momento trivial em uma lembrança que brilha, mesmo nas horas mais sombrias.
Como o significado de Itaú, que carrega em si a força das pedras escuras, eu, “Iúna”, nascida das águas profundas e negras, caminho com meu cérebro autista, cuja complexidade reflete as sombras de minha origem indígena, tal qual o Itaú. E foi nessa escuridão que Deise Lacerda brilhou como um raio de luz, tornando acessível o que antes parecia impenetrável, conectando mundos onde as vozes se perdiam. Deise, a Call Center do Coração!
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